Como a Gurgel foi criada?
Com o objetivo de começar a fabricar carros com capital nacional, Augusto Conrado do Amaral Gurgel construiu a primeira e única fábrica de automóveis 100% brasileira em São Paulo em 1969, e em 1975 mudou-se para Rio Claro/SP, buscando mais espaço físico. Lá desenvolveu vários modelos entre karts e minicarros, e posteriormente modelos fantásticos que discutiremos a seguir.
Em seus 27 anos de existência, a marca produziu mais de 30.000 veículos, todos produzidos nacionalmente.
A maioria dos carros da Gurgel eram práticos, e mesmo naquela época já fabricavam alguns carros elétricos, que se tornaram um conceito com bom preço e versatilidade, e até o exército brasileiro virou cliente da Gurgel.
Eram três modelos que foram produzidos e que o exército brasileiro tinham como prediletos. Estes modelos militares foram os X12 e X15 e alguns X20s também foram vendidos.
Confira estes modelos:
Veja Também:
- Qual carro tem o melhor câmbio automático: Opções mais recomendadas
- Tem Black Friday na Fiat? Saiba se a marca participa
- Viagem para Pernambuco: dicas imperdíveis e roteiros
- Lavagem automotiva: técnicas para um carro sempre limpo
- Como comprar uma carreta?
A Fama internacional da Gurgel
Em 1979, todos os modelos da marca foram apresentados no Salão de Genebra, onde o Jeep brasileiro fez sucesso com os estrangeiros.
Em 1980, Gurgel tentou dar um forte salto no mercado de veículos elétricos, construindo um prédio dentro da fábrica em Rio Claro que passaria a produzir novos conceitos de carros, até então jamais vistos por aqui.
Gurgel elétrico
O primeiro carro elétrico da marca foi o Itaipu E150, que veio depois do mono E400, mas seus modelos elétricos não foram muito longe, pois o alto custo de peças como câmbio, partes elétricas, bateria e a baixa autonomia obrigaram a fábrica a interromper a produção.
Multinacional ou muito nacional?
Depois de algum tempo, trabalho e investimento, a Gurgel ganhou destaque e passou a exportar para mais de 40 países, o que fez da marca uma empresa multinacional, ou como diz João Gurgel, “muito nacional”.
O principal modelo e o mais comercializável da marca é o BR-800 e seu sucessor, o Supermini, que fez sucesso em 1992.
Como veio a falência da montadora?
Enquanto isso, o governo brasileiro de Fernando Collor de Mello tomava medidas governamentais para praticamente e indiretamente destruir Gurgel do Brasil. Uma delas foi isentar de IPI para carros com motores menores que 1000 cm³.
Isso fez com que grandes montadoras estrangeiras lançassem carros menores e mais engenhosos que o Gurgel, como foi o caso do Escort, Uno Mille e do Gol. Outra medida do governo foi permitir a importação de veículos que iriam trazer modelos de alta tecnologia ao Brasil e mais baratas do que os modelos Gurgel.
Depois disso, a fábrica não podia ser autossuficiente, os carros não podiam ser vendidos, e com isso a fábrica brasileira não teria dinheiro para investir em tecnologia automotiva.
Mas mesmo assim, seus diretores e dirigentes ainda tentavam superar este momento difícil para a marca, tomando empréstimos com vários bancos para dar um último fôlego à empresa, mas foi tudo em vão.
Esta medida acabou deixando a empresa fortemente endividada e sem futuro no mercado. Assim, sem apoio do governo, após várias tentativas frustradas, a Gurgel faliu e deixou mais de 280 milhões de reais em dívidas.
A compra da Gurgel
Em 2004, um empresário chamado Paulo Emílio Freire Lemos, adquiriu a fábrica e deu continuidade a Gurgel que continuava a existir, mas esta nova empresa não tem nada a ver com a Gurgel Motors S.A.
Enfim, após a falência, a fábrica de Rio Claro foi vandalizada, alvo de roubos e vândalos, até ser vendida para quitar dívidas relacionadas à demissão de ex-funcionários da Gurgel.
É uma pena saber que o que era inteiramente nosso acabou assim, ficaríamos muito felizes em ter um carro 100% nacional, e se a Gurgel voltasse, seria uma grande alegria para os Brasileiros, mas sabemos que o governo não pensa assim.
Autor: